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Antes de ir ao cerne do artigo, nunca fui adepto de presidentes. Só para que fique claro.
Nos dias de hoje, o facto de eu ser um critico de Bruno de Carvalho, faz com que para muitos, eu seja um "croquete", um "lambuças", um "sportinguense", entre outros "mimos" do género.
Normalmente o presidente até era o último em quem eu pensava. Talvez por ainda ser muito novo, estava mais preocupado em assistir aos jogos e às peripécias que envolviam os artistas da bola - como os jogadores e os treinadores - pois esses sim, são os homens do futebol.
A ideia que eu tenho daquilo que deve ser o papel de um presidente, é totalmente oposta ao que tem sido este actual presidente.
O presidente deve ser o máximo representante de um clube. Deve falar nos momentos certos e nos locais apropriados. Tem que estar na tribuna a representar institucionalmente o clube que preside. Deve manter-se afastado do balneário e dar o devido espaço aos técnicos. Deve respeitar os adeptos e a história do clube antes de tudo. Deve ser um foco de união, e não de divisão.
Ora, o antigo presidente José Roquette, soube muito bem desempenhar esse papel. Independentemente de ao nível da gestão e do projecto estarmos ou não de acordo, enquanto foi presidente, acho que nunca nos envergonhou, e soube nos representar.
E porque falo em José Roquette? Porque Bruno de Carvalho, naquela sua ânsia de criar um regime brunista que o tente perpetuar no poder, sentiu a necessidade de passar a ideia que entre 1995 e 2013 todos os dirigentes do Sporting foram uma "famiglia", e o nome que inventou para os denominar foi o termo "croquetes", numa alusão ao nome do antigo presidente.
Presidente que efectivamente teve um projecto para o Sporting, mas que só esteve no clube durante 5 anos.
O seu projecto passou pela modernização do clube, com a criação da SAD, e no investimento num novo estádio e de uma Academia. Num tempo em que o Sporting já não era campeão há 13 anos e não tinha grandes perspectivas de futuro. Foi o único que apresentou uma solução.
Acabou por ser um modelo a seguir também pelo Benfica e pelo FC Porto - porque provavelmente, era mesmo inevitável.
De resto, que papel teve ele na gestão do clube e da SAD nos restantes 13 anos que são denominados por "roquetismo"? Nenhum, como é evidente. Quanto muito tinha a sua posição como qualquer sócio.
Mas confesso que cheguei a acreditar que poderia haver alguma coisa escondida por trás da gestão desse período, face a tanta propaganda e contra-informação por parte das agências de comunicação ao serviço de Bruno de Carvalho.
Só que não é possível enganar para sempre.
E o que fez com que eu começasse a abrir os olhos para a demagogia de Bruno de Carvalho, foi um vídeo que encontrei no youtube relativa à festa do título de 1999-2000.
No pós-jogo, todos nós ficamos felizes e emocionados. Nós, os adeptos; os jogadores, o treinador, e inclusive o presidente. Campeões após 18 anos de espera!
Vi no presidente José Roquette um sportinguista tão feliz como nós. Assim que o jogo terminou, teve na tribuna um discurso muito emotivo perante o repórter da SIC. Passados alguns minutos, desceu ao relvado e foi aplaudir os adeptos que foram apoiar a equipa. O seu nome era entoado pelos sportinguistas. Era um factor de união entre os adeptos.
Foi a partir daqui que comecei a reflectir sobre a propaganda actual. Comecei a reflectir se faz sentido dividir o Sporting num "antes" e num "depois" de Bruno de Carvalho, como se todos nós enquanto clube, não deveríamos estar tanto nos bons como nos maus momentos. Comecei a reflectir se num clube como o Sporting deve existir sportinguistas de "primeira" e de "segunda".
E como as auditorias não concluiram nada que não se soubesse já (incluindo as falácias sobre as derrapagens), fiquei ainda mais convicto que toda aquela propaganda só serviu para nos enganar num periodo em que estavamos frustrados com os resultados do futebol em 2012-2013.
Portanto, estarmos a apelidar uma grande parte da história do Sporting como "roquettismo", ou adeptos de "croquetes", não é justo. Não é justo para as pessoas visadas, e fundamentalmente, não é justo fazermos isto à nossa própria história. Pessoalmente não consigo olhar para o nosso clube com um "antes" e um "depois" de Bruno de Carvalho. Nem quero acreditar que os dirigentes que estiveram no Sporting não deram o que sabiam e podiam.
E nós, sócios e adeptos, estivemos com eles. Se eles lá estiveram, foi porque tiveram o nosso apoio e os nossos votos. E como eu só consigo olhar para o Sporting como um "todo", os insucessos, por exemplo, de Bettencourt e Godinho Lopes, foram também os nossos insucessos, na medida em que eles foram elegidos por nós, e por não ter havido ninguém que pudesse ter feito melhor - porque esse melhor a existir, não estava lá.
Faz hoje 16 anos (14-05-2000) que em Vidal Pinheiro conquistamos o título após 18 anos de jejum. O tempo passa depressa, mas não apaga a história.
E não querendo fazer de José Roquette mais que os outros, até acho que o facto do Sporting ter tido um José Roquette como fundador do clube, e passados 89 anos, termos tido o seu neto José Roquette a ser o único a chegar-se à frente para pôr termo ao Gonçalvismo\Cintrismo e reformar o clube para o século XXI, e ainda ter ganho um título 18 anos depois; deveria e podia ser enaltecido. Não haverá certamente mais nenhum clube no mundo que possa gabar-se disto.
Amanhã ainda temos a possibilidade de voltar a ganhar o título após muitos anos. Agarremos-nos a essa possibilidade com a maior força possível.
E se possível, que a possível conquista do titulo possa vir a ser um factor de união entre os adeptos, sócios, e fundamentalmente, da nossa centenária história - que tão maltratada tem sido, inclusive, por nós sócios e adeptos.
Nota: Neste artigo aprofundo mais detalhadamente o período de 1995 a 2013, onde tento demonstrar que nem tudo foi assim tão mau como parece.
Aqui está o vídeo completo, com a transmissão do jogo e as posteriores reportagens.
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